Equação Tolman-Oppenheimer-Volkoff

Em astrofísica, a equação Tolman-Oppenheimer-Volkoff delimita a estrutura de um corpo de material isotrópico simétrico esfericamente o qual esteja em equilíbrio gravitacional, como modelado pela relatividade geral. A equação pode ser expressa como[1]

Equação de Tolman-Oppenheimer-Volkoff

d P d r = G m r 2 ρ ( 1 + P ρ c 2 ) ( 1 + 4 π r 3 P m c 2 ) ( 1 2 G m r c 2 ) 1 {\displaystyle {\frac {dP}{dr}}=-{\frac {Gm}{r^{2}}}\rho \left(1+{\frac {P}{\rho c^{2}}}\right)\left(1+{\frac {4\pi r^{3}P}{mc^{2}}}\right)\left(1-{\frac {2Gm}{rc^{2}}}\right)^{-1}}

Aqui, r é uma coordenada radial, e ρ(r0) e P(r0) são a densidade e a pressão, respectivamente, do material em r=r0. M(r0) é a massa total dentro do raio r=r0, como medido por observador distante de um campo gravitacional. Satisfaz-se M(0)=0 e[1]

d M ( r ) d r = 4 π ρ ( r ) r 2 . {\displaystyle {\frac {dM(r)}{dr}}=4\pi \rho (r)r^{2}.}

A equação é derivada por resolução das equações de Einstein para um tempo-invariante geral, numa métrica esfericamente simétrica. Para uma solução a equação de Tolman-Oppenheimer-Volkoff, esta métrica irá tomar a forma[1]

d s 2 = e ν ( r ) c 2 d t 2 ( 1 2 G M ( r ) / r c 2 ) 1 d r 2 r 2 ( d θ 2 + s i n 2 θ d ϕ 2 ) , {\displaystyle ds^{2}=e^{\nu (r)}c^{2}dt^{2}-(1-2GM(r)/rc^{2})^{-1}dr^{2}-r^{2}(d\theta ^{2}+sin^{2}\theta d\phi ^{2}),}

Onde ν(r) é determinado pela delimitação[1]

d ν ( r ) d r = 2 P ( r ) + ρ ( r ) c 2 d P ( r ) d r . {\displaystyle {\frac {d\nu (r)}{dr}}=-{\frac {2}{P(r)+\rho (r)c^{2}}}{\frac {dP(r)}{dr}}.}

Quando suplementada com uma equação de estado, F(ρ, P)=0, a qual relaciona densidade à pressão, a equação Tolman-Oppenheimer-Volkoff determina completamente a estrutura de um corpo de material isotrópico simétrico esfericamente em equilíbrio. Se termos de ordem 1/c² são negligenciados, a equação Tolman-Oppenheimer-Volkoff tenderá à equação hidrostática Newtoniana, usada para encontrar a estrutura de um corpo de material isotrópico simétrico esfericamente em equilíbrio quando correções da relatividade geral não são importantes.

Se a equação é usada para modelar uma esfera de material limitada no vácuo, a condição de pressão-zero P(r)=0 e a condição eν(r)=1-2GM(r)/rc² devem ser impostas ao limite. A segunda condição de limitação é imposta quando a métrica na limitação é contínua com a única solução estática esfericamente simétrica às equações de vácuo de campo, a métrica de Schwarzschild

d s 2 = ( 1 2 G M 0 / r c 2 ) c 2 d t 2 ( 1 2 G M 0 / r c 2 ) 1 d r 2 r 2 ( d θ 2 + s i n 2 θ d ϕ 2 ) . {\displaystyle ds^{2}=(1-2GM_{0}/rc^{2})c^{2}dt^{2}-(1-2GM_{0}/rc^{2})^{-1}dr^{2}-r^{2}(d\theta ^{2}+sin^{2}\theta d\phi ^{2}).}

Aqui, M0 é a massa total do objeto, novamente, quando medido por um observador distante num campo gravitacional. Se a limitação é em r=rB, a continuidade da métrica e a definição de M(r) requerem que

M 0 = M ( r B ) = 0 r B 4 π ρ ( r ) r 2 d r . {\displaystyle M_{0}=M(r_{B})=\int _{0}^{r_{B}}4\pi \rho (r)r^{2}\,dr.}

Calculando a massa por integração da densidade do objeto pelo seu volume, por outro lado, resultará no maior valor

M 1 = 0 r B 4 π ρ ( r ) r 2 1 2 G M ( r ) / r c 2 d r . {\displaystyle M_{1}=\int _{0}^{r_{B}}{\frac {4\pi \rho (r)r^{2}}{\sqrt {1-2GM(r)/rc^{2}}}}\,dr.}

A diferença entre estas duas grandezas,

δ M = 0 r B 4 π ρ ( r ) r 2 ( ( 1 2 G M ( r ) / r c 2 ) 1 / 2 1 ) d r , {\displaystyle \delta M=\int _{0}^{r_{B}}4\pi \rho (r)r^{2}((1-2GM(r)/rc^{2})^{-1/2}-1)\,dr,}

será a energia gravitacional obrigatória do objeto dividido por c².

Histórico

Tolman analisou métricas esfericamente simétricas em 1934 e 1939.[2][3] A forma da equação dada aqui foi deduzida por Oppenheimer e Volkoff seu artigo de 1939, "On Massive Neutron Cores".[1] Neste artigo, a equação de um gás Fermi degenerado de nêutrons era usada para calcular corpos acima do limite superior de ~0,7 massas solares para a massa gravitacional de uma estrela de nêutron. Desde que esta equação de estado não é realística para uma estrela de nêutrons, esta massa limitante igualmente é incorreta. Modernas estimativas para este limite situam-se na faixa de 1.5 a 3.0 massas solares.[4]

Tratamentos recentes

O equilíbrio termodinâmico de um fluido perfeito ou sistema esfericamente simétrico contendo um buraco negro de massa M tem sido investigado pelos significados da equação Tolman-Oppenheimer-Volkoff, sendo que uma singular família de soluções da TOV foram apresentadas. A r>>2M estas soluções podem ser usadas para representar um fluido perfeito (i.e., "gás de fótons") de temperatura TBN=(8πM)-1 em equilíbrio como um buraco negro de Schwarzschild. Nestes casos, a energia é positiva a todo r>0. Em tal estudo é apresentado que um ponto de massa negativa situa-se a r=0.[5]

Para determinadas formas da equação de estado existe um invariante com respeito ao espaço variável r na teorização de Tolman-Oppenheimer-Volkoff da estrutura estelar. A forma deste invariante tem sido obtida e alguns de seus significados físicos têm sido discutidos.[6]

Se investiga a possibilidade de objetos compactos poderem ser os aceleradores de raios cósmicos de alta energia. Isto inclui a generalização da equação de Tolman-Oppenheimer-Volkoff para esta classe de objetos. Para tal, são assumidas uma equação politrópica de estado para o fluido e, para simplificar, uma relação linear entre a densidade de carga e a densidade de energia do fluido. Foram obtidos limites superiores para a carga que tais objetos podem adquirir e a estabilidade destas configurações de equilíbrio.[7]

Estuda-se soluções estáticas das equações de Tolman-Oppenheimer-Volkoff de objetos esfericamente simétricos (estrelas) que existam em um espaço preenchido com o gás de Chaplygin.[8]

Ver também

Referências

  1. a b c d e On Massive Neutron Cores, J. R. Oppenheimer and G. M. Volkoff, Physical Review 55, #374 (February 15, 1939), pp. 374–381. (em inglês)
  2. Effect of Inhomogeneity on Cosmological Models, Richard C. Tolman, Proceedings of the National Academy of Sciences 20, #3 (15 de março de 1934), pp. 169–176. (em inglês)
  3. Static Solutions of Einstein's Field Equations for Spheres of Fluid, Richard C. Tolman, Physical Review 55, #374 (15 de fevereiro de 1939), pp. 364–373. (em inglês)
  4. The maximum mass of a neutron star, I. Bombaci, Astronomy and Astrophysics 305 (January 1996), pp. 871–877. (em inglês)
  5. W. H. Zurek, Don N. Page; Black-hole thermodynamics and singular solutions of the Tolman-Oppenheimer-Volkoff equation; Phys. Rev. D 29, 628 - 631 (1984) - prola.aps.org
  6. Existence of a space invariant in the Tolman-Oppenheimer-Volkoff theory; R S Kaushal 1998 Class. Quantum Grav. 15 197-201 doi:10.1088/0264-9381/15/1/014 - www.iop.org[ligação inativa]
  7. Beatriz B. Siffert; J.R.T. de Mello Neto; Maurício O. Calvão; Compact charged stars; Braz. J. Phys. v.37 n.2b São Paulo jul. 2007; ISSN 0103-9733 - www.scielo.br
  8. V. Gorini, et al.; Tolman-Oppenheimer-Volkoff equations in the presence of the Chaplygin gas: Stars and wormholelike solutions; Phys. Rev. D 78, 064064 (2008) (em inglês)

Ligações externas

  • «TOV (Tolman Oppenheimer Volkoff) Solutions - laplace.physics.ubc.ca» (em inglês) 
  • «Nuclear Methods and the Nuclear Equation of State - Marcello Baldo - Página 384 - books.google.com» (em inglês)