Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Tipo museu
Inauguração 1984 (40 anos)
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 30° 2' 0.182" S 51° 13' 11.006" O
Mapa
Localização Porto Alegre - Brasil
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O Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul é um museu universitário interdisciplinar da cidade brasileira de Porto Alegre. É um órgão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul voltado às atividades de museologia, pesquisa e educação dentro das áreas de ciência, tecnologia, história, sociedade, arte e cultura, atuando em estreita parceria com outros departamentos da universidade, bem como oferece atividades para o grande público. Está localizado no Campus Central da UFRGS, instalado num prédio que é patrimônio histórico estadual. O museu coordena a Rede de Museus e Acervos da UFRGS – REMAM.

O prédio

A sede do Museu da UFRGS é um prédio histórico situado em seu Campos Central, junto ao Parque Farroupilha. O projeto foi do engenheiro Manoel Itaqui. Construído em 1910 e inaugurado em 1915, foi ampliado em 1919. A fachada principal, na avenida Oswaldo Aranha nº 277, tem uma disposição simétrica, destacando-se um frontão com duas figuras humanas pintadas representando o Trabalho. Originalmente o edifício ficava dentro de um terreno cercado de muro e gradil, que desapareceram com a ampliação da avenida em frente.[1]

Inicialmente serviu como Laboratório de Resistência dos Materiais da Escola de Engenharia, que veio a ser um órgão de vanguarda na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente as voltadas para a construção civil. Entre 1943 e 1966 foi ocupado pelo Instituto Tecnológico do Rio Grande do Sul, e a partir de 1972 serviu como laboratório do Curso em Tecnologia do Couro, visando atender à necessidade de mão de obra especializada no setor coureiro, passando a ser conhecido como o Prédio dos Curtumes e Tanantes.[1]

Em meados da década de 1990 o prédio estava decadente e foi interditado. Em 1999 foi aprovado um projeto de conservação dos prédios históricos da UFRGS pelo Ministério da Cultura, inserido-os no Programa Nacional de Apoio à Cultura. Pela lei nº 1.525, de 15 de setembro de 2000, passou a integrar o Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul. As obras de restauração e adaptação para receber o museu ocorreram entre 1999 e 2002.[1] Conta com Reserva Técnica, salas de exposições e equipamentos para receber o público com deficiência.[2]

O museu

Exposição de um fóssil de Dinodontosaurus
Exposição de artefatos de pedra lascada da Cultura Humaitá

O museu nasceu de um movimento de professores da UFRGS que desejavam divulgar para a comunidade o saber produzido na universidade.[3] Foi criado em 1984 sem acervo próprio, com a proposta de pesquisar, difundir e valorizar o patrimônio cultural da UFRGS usando os seus diferentes acervos, abrindo ao público com a mostra Artistas Professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com curadoria de José Augusto Avancini e Maria Amélia Bulhões, trazendo um seleção de obras da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS.[4][5]

O museu foi instalado inicialmente no segundo andar do prédio da Reitoria da UFRGS, no Campus Centro, fazendo uso do Salão de Festas, da Sala Fahrion e do Saguão para uma variedade de ações, incluindo exposições em parceria com os cursos de graduação e pós-graduação da universidade, exposições de acervos convidados, ações de rua, e eventos envolvendo universidades, consulados e instituições de pesquisa.[5][6] Em 1993 absorveu o Núcleo de Documentação e Memória Social da UFRGS, com todo seu acervo e funcionários. Este acervo de fotos e documentos era vasto, compondo a documentação sobre a história da UFRGS originalmente recolhida pela antiga Comissão de História. Depois incorporou o acervo da Assessoria de Comunicação da UFRGS.[5]

Em 1999 a UFRGS lançou um ambicioso projeto de restauro completo do seu importante conjunto de edificações históricas, e ao longo do processo o museu também foi reestruturado internamente, sendo levado em agosto de 2002 para a sua sede atual, então conhecida como o Prédio dos Curtumes e Tanantes, já reformado e contando com uma reserva técnica climatizada, espaços expositivos e acessibilidade para portadores de necessidades especiais. Neste movimento, o museu incorporou documentação histórica sobre o próprio prédio e suas antigas atividades como oficina técnica da Escola de Engenharia. A aquisição de novos acervos nunca cessou desde então, incorporando instrumental científico de laboratórios da universidade, documentação do Centro Acadêmico da Engenharia e outros materiais. Em 2009 foi lançado o projeto Lugares de Memória – História Oral, para gravação de depoimentos.[5]

Exposição de machado de pedra polida da Cultura Jê

Nas palavras de Fagundes & Aristimunha, "em sua nova sede o museu continuou a realizar exposições com/ou integrando os acervos da universidade, desenvolvendo um projeto educativo diferenciado para cada exposição, envolvendo as diversas áreas do conhecimento através dos docentes e discentes da universidade. Também continuou atendendo as pesquisas no seu acervo e prestando assessoria técnica aos outros museus/acervos da UFRGS".[5]

Segundo Cidara Souza, o museu "vem se consolidando como uma proposta articuladora das diferentes áreas do saber". Oferece espaço para a ampliação da atuação docente, ações educativas e promove o intercâmbio entre as diversas unidades da UFRGS. Enfocando ciência, história, cultura e arte, sua missão é estabelecer um contato entre a comunidade e a produção científica e cultural da universidade, e fomentar instrumentos para a promoção da herança cultural e da cidadania.[7] O museu também estuda a preserva a história de Porto Alegre e da própria UFRGS e seus docentes e alunos, bem como o papel que a UFRGS vem desempenhando na sociedade ao longo de sua trajetória.[8]

Acervo

Exposição de um tubarão de pedra polida da Cultura Sambaqui

Seu acervo tem fotos, documentos, livros e objetos tridimensionais sobre a memória da UFRGS e da cidade de Porto Alegre. A coleção tridimensional possui artefatos históricos, instrumentos científicos, equipamentos, materiais didáticos e objetos variados, testemunhos das práticas de ensino, pesquisa, extensão e administração da UFRGS. Outra coleção importante é o Acervo das Alices, com o atelier das artistas plásticas Alice Soares e Alice Brueggemann, que soma cerca de 512 obras de arte.[9] O acervo tem sido uma fonte valiosa para pesquisas e publicações científicas sobre a história da UFRGS, da cidade e do estado, e também serve como fonte para material audiovisual e escrito produzido pela imprensa.[5]

Atividades

Exposição de cerâmica tupi-guarani
Reconstituição de uma cabana subterrânea dos indígenas da Serra Gaúcha

O museu é administrado pela Pró-Reitoria de Extensão. Está integrado no Sistema Brasileiro de Museus do governo federal, coordena a Rede de Museus e Acervos da UFRGS,[7] e interage com suas unidades de ensino.[8][9] Sua missão oficial é "potencializar a interação da sociedade com a produção técnica, científica e cultural da Universidade, além dos testemunhos históricos da instituição, promovendo a transformação do patrimônio integral em herança cultural, decorrente da apropriação e da noção de pertencimento dos cidadãos e da sociedade".[6]

O museu não tem uma exposição permanente de acervo, adotando o modelo das exposições temporárias com acervo próprio ou de instituições convidadas. As exposições são organizadas por equipes curatoriais interdisciplinares. O trabalho de documentação, catalogação, difusão, digitalização do acervo e atendimento ao público é permanente.[5] Sua linha de ação é centrada em três áreas: Memória e Patrimônio Cultural, Interculturalidade, e Educação.[6]

Tem um Departamento Educativo que desenvolve intensa programação didática e pedagógica, incluindo visitas guiadas e produção de material impresso como catálogos ilustrados, folhetos informativos, que são distribuídos para um largo público institucional local e brasileiro. O Departamento de Extensão faz a ponte com a comunidade. Juntos, desenvolvem projetos e ações como cursos e oficinas, palestras e debates, seminários temáticos e lançamentos de publicações. Para professores oferece programas de educação continuada e visitas guiadas. O museu é também um laboratório e arquivo e espaço de intervenção permanentemente aberto para uso dos estudantes da UFRGS e pesquisadores em geral, sendo mantidos vários projetos de pesquisa e intercâmbio institucional.[7][10][5] O museu mantém um Departamento de Documentação e Memória Social, desenvolvendo pesquisas, coleta de acervos e exposições.[3]

Outro aspecto relevante nas atividades do museu é sua função de coordenador da Rede de Museus e Acervos da UFRGS, dando assessoria técnica para vários departamentos da universidade sobre museologia, museografia, conservação, documentação e manejo de suas coleções. Desde 2008 é assessorado nesta função pelo Curso de Museologia da UFRGS. Fagundes & Aristimunha acrescentam: "Por fim, mas não menos importante, o museu tem sido espaço de acolhimento de variadas demandas sociais por meio de ações que se desenvolvem no ambiente museal como, por exemplo, eventos que tratam da educação antirracista; sustentabilidade; diversidade étnica; formação continuada de professores; entre outras".[5]

Ver também

Referências

  1. a b c Gasparotto, Lucas André. "O prédio do Museu é novo ou velho? O prédio do Museu da UFRGS como patrimônio cultural, espaço de educação patrimonial e de fruição". In: Aedos, 2012; 11 (4)
  2. Leitzke, Maria Cristina Padilha. Curadorias compartilhadas: um estudo sobre as exposições realizadas no Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2002 a 2009). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012, pp. 59-60
  3. a b Leitzke, pp. 58-59
  4. Leitzke, pp. 62-63
  5. a b c d e f g h i Fagundes, Ligia Ketzer & Aristimunha, Claudia Porcellis. "Museu da UFRGS, trajetória e identidade de um museu universitário". In: Património e Memória, 2010; 6 (2): 47-66
  6. a b c "O Museu da UFRGS". Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  7. a b c Souza, Cidara Loguercio. "Museu da UFRGS e Comunidade: relato de experiência". In: XIV Salão de Extensão: Universidade e desafios da sociedade. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013
  8. a b Bertotto, Marcia. "Patrimônio nas Universidades A Rede de Museus e Acervos Museológicos da UFRGS". In: Museologia & Interdisciplinaridade, 2013; 10 (19): 563–576
  9. a b "Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul". Directorio Latinoamericano de Recursos Patrimoniales
  10. Amaral, Julia Kras Soares do & Basso, Augusto Donadel. "Museu da UFRGS: memória e educação". In: XXI Salão de Extensão. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2020

Ligações externas

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