Obviamente Demito-o!

Obviamento demito-o! é uma peça de teatro com texto e encenação de Hélder Costa, estreada em 25 de Abril de 2008, pela Companhia de Teatro A Barraca, no Teatro Cinearte, em Lisboa.

«Obviamente demito-o!».[1] Com esta frase Humberto Delgado criou o cataclismo que anunciou o fim de Salazar.

Sinopse

«Obviamente demito-o!», não foi, porventura, só a frase mais importante do século XX português, mas também a frase mais teatral dita em Portugal nos últimos 50 anos.

O General Delgado tinha conseguido articular o poder de síntese – a dramaturgia, o momento e local de actuar – a encenação, e tinha compreendido o que iria agradar ao seu público: o povo português.

Tinha estimulado os sentimentos, espalhado a emoção, acendido a esperança.

Apresentava um final convincente para a tragédia nacional, e assumia-se como actor competente. E como actor competente, acabou por ser assassinado,na fronteira.

A propósito destes e de outros acontecimentos, e à falta de melhor, costuma-se falar de drama Shakespeariano.

Quando Salazar, numa célebre entrevista a um jornalista do “L’Aurore”, continuou a assumir-se como Presidente do Conselho, falou-se do absurdo de Ionesco, de tragicomédia, de farsa trágica e de outras misturas de géneros teatrais.

Exemplo máximo de Tartufismo, dificilmente classificável.

Como definir o carácter e a ética de governantes que sujeitaram Salazar a essa humilhação? Uns sabujos que não tiveram vergonha de diminuir publicamente o homem — involuntariamente diminuído, note-se — por quem rastejara toda a vida?

Bom, mas isso já é outra história.

Este espectáculo quer demonstrar que o conflito existente entre o ditador Salazar e o general Delgado se resume em linhas gerais à contradição inconciliável entre a procura e felicidade e prazer na vida, ou a ideologia do sacrifício, do pecado e do martírio.

Com as correspondentes lealdade, sinceridade, gosto pelo risco e descoberta do futuro, contra a hipocrisia, prepotência e conservadorismo passadista.

A força de convicção dos seus destinos, transformou-os em seres irremediavelmente sós. O que lhes confere uma carga dramática excepcional, motivo determinante para a escrita e realização desta peça por Hélder Costa.

Elenco e personagens

  • João d'Ávila - Humberto Delgado
  • Maria do Céu Guerra / Paula Coelho - Sra. Maria, Cerejeira
  • Sérgio Moura Afonso - Salazar
  • Mariana Abrunheiro / Carla Alves / Patrícia Adão Marques - Arajaryr, Odete, Maria de Jesus
  • Rita Fernandes - Lina, Madalena, Palmira, Christine Garnier, M. Eugénia, Florista
  • Susana Costa - Mariana, Geninha, Susini, jovem estudante
  • Luís Thomar / Pedro Borges - Agrário, António Sérgio, Rosa Casaco, Rogério Paulo
  • Rui Sá - Júlio, Agrário, Arlindo Vicente, Dr. Gusmão, Bisogno, Armando Caldas, Pai, Pide
  • Sérgio Moras - Agrário, Kubitschek, Franco, Barbieri, Abel, Castro e Sousa, Populares, estudantes, manifestantes, “homens sem rosto”
  • Adérito Lopes - Padre confessor, Correia de Oliveira, Silva Pais, Skorzeny, Cerejeira

Digressão internacional

Fonte

  • Página da Companhia de Teatro A Barraca
  • CETbase - Teatro em Portugal

Notas

  1. Frase sem vírgula porque Humberto Delgado a proferiu de forma violenta e sem pausas (informação de Iva Delgado, filha de Humberto Delgado.